Intoxicação por ração com monensina reacende alerta sobre segurança alimentar para cavalos e gera prejuízos irreparáveis ao setor agropecuário
Um surto recente de mortes de cavalos em diferentes regiões do país trouxe à tona um risco antigo, mas ainda recorrente: a contaminação por monensina, um antibiótico ionóforo utilizado legalmente na alimentação de bovinos e aves, mas altamente tóxico para equinos. O caso envolvendo uma marca nacional reacendeu o debate sobre a segurança na fabricação de rações e os impactos que a negligência nesse setor pode causar — não só na saúde dos animais, mas também na economia do agronegócio.
Enquanto cavalos são extremamente sensíveis à monensina, com risco de morte mesmo em doses mínimas, as fábricas ainda enfrentam falhas no controle de qualidade e contaminação cruzada. Como consequência, diversos criadores relataram perdas irreparáveis nos últimos dias, incluindo animais de alto valor genético e de competição.
Segundo a instituição Garra (Grupo de Apoio e Resgate a Raças e Animais), a empresa responsável pela ração envolvida no episódio limitou-se a reembolsar o valor pago pelo produto, sem oferecer qualquer tipo de apoio, indenização ou restituição equivalente ao prejuízo causado — que em muitos casos ultrapassa os R$ 100 mil por animal. Ainda mais grave: há relatos de que produtos da mesma marca continuam sendo comercializados normalmente no mercado, colocando em risco novos animais.
Uma tragédia com impacto direto na economia agropecuária
O Brasil conta hoje com mais de 5,5 milhões de equinos, segundo o IBGE, e movimenta mais de R$ 16 bilhões por ano com atividades relacionadas à equinocultura — como esportes, turismo rural, reprodução, exposições e atividades de tração. A morte de um único animal de competição ou reprodução pode representar um prejuízo imensurável para haras, sítios e criadores, comprometendo inclusive o sustento de famílias inteiras ligadas à cadeia do agronegócio.
Além das perdas financeiras, há um abalo emocional profundo entre tutores e profissionais, que dedicam anos à criação e ao cuidado desses animais.
Sintomas e riscos da intoxicação por monensina
Os sintomas costumam surgir entre 12 a 72 horas após a ingestão da ração contaminada, e incluem:
- Fraqueza muscular
- Ataxia (descoordenação motora)
- Tremores e sudorese intensa
- Dificuldade respiratória
- Arritmias cardíacas
- Morte súbita
Mesmo animais que sobrevivem ao quadro agudo podem desenvolver sequelas graves, especialmente no coração, o que representa risco elevado durante atividades físicas, como provas equestres.

Médico-veterinário alerta para prevenção e acompanhamento
Para o médico-veterinário Dr. Leonardo Garbois, especialista em equinos, a prevenção e o acompanhamento veterinário constante são as melhores formas de proteger os animais. Ele relata atendimentos recentes relacionados à intoxicação por monensina e destaca que muitos tutores ainda não têm conhecimento sobre os perigos de compostos usados em outras espécies.
“Cavalos não metabolizam a monensina. Mesmo uma dose mínima pode causar danos severos e, muitas vezes, irreversíveis. O ideal é sempre exigir laudos das rações, confiar apenas em fornecedores com rigoroso controle de qualidade e manter o acompanhamento veterinário regular”, afirma Dr. Leonardo.

Sobre o Dr. Leonardo Garbois
Com 13 anos de experiência, Dr. Leonardo Garbois sempre foi influenciado pelo pai a seguir na medicina veterinária — profissão que considera uma jornada contínua de aprendizado e evolução. É clínico e cirurgião de grandes e pequenos animais, e tem diversas especializações, incluindo quiropraxia, homeopatia, laserterapia, acupuntura, odontologia equina, reprodução equina e Reiki.
Além de realizar atendimentos particulares em haras e sítios, também atua na Pet by Vet Clínica Veterinária, na Associação de Comerciantes de Carne, na LG7 Medicina Veterinária e ministra cursos no Agro Cursos, todos em Além Paraíba (MG). Amante de provas equestres, Dr. Leonardo acredita que o futuro da medicina veterinária está na prática integrativa, ética e técnica, buscando sempre o equilíbrio entre homem e animal.
Clique aqui para fazer o Download da circular do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), sobre a proibição de comercialização da ração que provocou os problemas citados acima pelo Dr. Leonardo Garbois.

Gilberto Vieira de Sousa é Jornalista (MTB 0079103/SP), Técnico em Sistemas de TV Digital, Fotografo Amador, Radioamador, idealizador e administrador dos sites GibaNet.com e cotajuridica.com.br, Redator no Programa Lira em Pauta, Editor da Revista Konect Brazil e do site Assessoria Animal